A qualidade lumínica planejada para elevar o bem-estar das pessoas em um empreendimento é mais um tema que tem se destacado atualmente na construção civil, e ainda ganhará muito mais destaque nos próximos anos.
Para falar sobre o tema, as tendências e as novidades no setor, este artigo da coluna Próximos Passos traz uma conversa com: A equipe da Mingrone Iluminação, especializada em luminotécnica.
1) Conte para nós sobre o seu escritório: o início, a essência da marca, os valores que prezam e sua missão.
A Mingrone Iluminação é um escritório de arquitetura especializado em luminotécnica. Sua história está intimamente ligada ao Prof. Antonio Carlos Mingrone, seu titular, com o tema da iluminação, que teve início quando ele integrou a equipe de trabalho de pesquisa na Universidade de São Paulo, coordenada pelo casal de professores convidados: os argentinos Juan e Lúcia Mascaró.
Em 21 de junho de 1977, recém-formado, Antonio Carlos Mingrone tornou-se professor assistente das disciplinas de iluminação na FAU-USP e, em seguida, obteve mestrado e doutorado na mesma instituição.
Alguns anos mais tarde, durante a gestão do governador Orestes Quércia, foi superintendente de projetos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano.
Teve a oportunidade de ser contratado por muitos escritórios de arquitetura para o desenvolvimento desses projetos, incluindo o arquiteto Oscar Niemeyer, que, sabendo da sua experiência como professor de iluminação, o convidou para fazer o projeto de luminotécnica do Teatro de Araras. Esse trabalho trouxe um grande impacto em sua carreira.
A partir desse momento, o Prof. Antonio Carlos Mingrone entendeu que já era oportuno abrir um pequeno escritório focado em iluminação. Assim, em sociedade com Maria Cristina Zanni, a Mingrone Iluminação foi criada em 1993. Atualmente, a empresa soma mais de quatro mil projetos no portfólio e uma equipe com mais de 30 colaboradores de diversas formações.
2) Para vocês, quais são as próximas tendências na área em que atuam?
A tendência é cada vez mais a luz vir a se constituir na quarta dimensão do espaço, para que tanto arquitetura, arquitetura de interiores e paisagismo venham a unirem-se como um todo único.
Por outro lado, tecnologicamente falando, a miniaturização dos produtos tem se intensificado, e a dissimulação dos aparelhos de iluminação, especialmente aqueles inseridos em tetos e paredes, têm a tendência de verem reduzidas suas dimensões de forma gradativa. Soma-se a isso também as maneiras de operar a luz no ambiente; cada vez mais a iluminação artificial pode assemelhar-se à luz natural, especialmente durante o período do dia, respondendo com as mesmas características em termos de tonalidade de cor e comprimento de onda.
Já quanto aos aspectos de comando e cenas, tornam-se mais acessíveis dispositivos para acionamento, controle e programação de cenas para os sistemas de iluminação presentes em um ambiente. Os requintes vão das possibilidades de comando e dimerização até individual por luminária, passando das tradicionais formas de operação, por meio de interruptores e keypads, para os que respondem por comando de voz.
3) Como é a busca de tendências sob a sua perspectiva? Como surgem as novas ideias?
A busca de tendências se dá pelo estudo e observação dos comportamentos geracionais adicionados ao conhecimento das práticas do passado e, principalmente, pelo reconhecimento das necessidades e demandas do mundo e da sociedade contemporânea. Sob essa ótica, é importante observar os aspectos da sustentabilidade, economia, praticidade, design e sofisticação, entendendo que esses são desejos e necessidades atuais.
As novas ideias podem surgir de diferentes maneiras, a considerar:
– Inspiração em referências projetuais;
– Necessidades específicas do projeto;
– Pesquisa bibliográfica em livros, catálogos;
– Visitação a feiras do setor;
– Constante observação do comportamento da luz natural.
4) Consideramos que vocês estão na vanguarda da sua área. Como conseguem manter a excelência e estarem um passo à frente do mercado?
A excelência é resultado do constante e interminável trabalho de pesquisa e aperfeiçoamento, compreendendo que sempre há espaço para avanços. Esse trabalho consiste, de maneira ampla, na consulta a periódicos de arquitetura, participação em eventos digitais e presenciais, sites informativos, revistas especializadas, lançamentos editoriais, teses publicadas relativas ao tema, dentre outros.
Há que se considerar ainda as trocas com profissionais de áreas adjacentes e o próprio ambiente corporativo, que permite vivenciar novas experiências e aprendizados.
5)Que mensagem vocês deixariam para os profissionais que estão iniciando na área?
Acredito que, hoje, o profissional ainda tem uma cota muito grande de autodidatismo. Ele precisa ler muito, instrumentar-se por meio de cursos, como os do IES. Fazer uma pós-graduação no exterior também é útil. Não vejo somente as salas de aula como depósito de conhecimento; acredito muito nos livros, nas revistas especializadas e nos próprios fabricantes, que, diferentemente de outros setores, são depositários de informações maravilhosas.
Essas pesquisas precisam ser intensivas e constantes. Se o profissional não navegar por todos os estandes da feira e pelos sites, não conquistará excelência. Todo profissional hoje precisa ter uma cota de devoção, de pesquisa e de leitura intensa.
6) Para vocês, como é a experiência de trabalhar com a Axia?
Estamos há mais de 25 anos no mercado de iluminação e, para nós, trabalhar com a Axia foi uma grata surpresa. Tivemos a oportunidade de conceber um projeto de iluminação para uma edificação dotada de uma arquitetura contemporânea, sofisticada e inovadora, a qual foi muito bem pensada e conceituada.
Além do uso de tecnologia de ponta para o desenvolvimento do projeto, ferramenta BIM, o contato com profissionais conceituados no mercado e a abertura e confiança do cliente em nosso trabalho possibilitaram a realização de uma parceria rica e um resultado final surpreendente.
Ficamos muito surpresos e satisfeitos com a compreensão da Axia quanto à importância do projeto de luminotécnica, a qual nos deu muita liberdade para obtermos o melhor para a obra.
Vale comentar também o excelente projeto de paisagismo desenvolvido pelo escritório do Alex Hanazaki, muito atraente e inovador, em total harmonia com a arquitetura. Ter participado desse processo, em que projetistas e clientes caminham com a mesma visão, foi uma feliz e ambiciosa surpresa, pois o convívio com a equipe foi muito rico.
Esperamos em breve ter novas experiências como essas, em parceria com todos os envolvidos. Estamos sempre motivados a alavancar novos negócios e ansiosos para visualizar os empreendimentos concluídos.